terça-feira, 6 de maio de 2008

Vendedor de sonhos


Fosse apenas teoria recém-aberta ou ambição

Fosse eu apenas um oculto recorte no livro já esquecido

Já sou outro senão linguagens tranversais,
improvisando meu faz-de-conta de rabiscos...Soprando e deitando na chuva

Eu nada tímido de meus versos debrucei assim;ardendo seduções no começo de fevereiro

E sem hábitos no plural de saídas,escrevi os dedos nas pedras,nas areias,na contramão das asas...

e me fiz homem realizado no precipício de tantas perguntas...

Meus regulamentos longínquos se findam no elástico da alma,

e se dão por perda em cidadelas adultas e de negócios

É tão cantante meu amor,tão cantante.Máquina reservada que duplo faz o homem

E em qualquer jardim vou acolhendo moradas e não conto a arquitetura dos sonhos

Tenho um diário distinto que proseia vôos de trovas perdidas;

ternamente afagado pela fartura do sol

Já outra cor é minha dor correspondida,tocado em regras do amanhã

Porque me vou saindo de outras raízes,outras leis,um cais sem beleza que desafoga

Quero contar apenas bem-me-queres,sobrar reuniões de beijos

Ficar a esmo sem ler jornais e me desenrolar em oceanos de amigos

Quero assistir a carne do mundo de minha nuvem

E não se verá mais memórias, nem partidas

Não se fará mais orações sobre cemitérios

Os retratos serão vivos e a casa antiga jamais escurecida

O cheiro aflorado de mato molhado correrá confidente nas narinas

A camisa com cheiro de dormido continuará tuas nostalgias

Tuas invenções não terão limites e tuas pernas sempre viagens

E no desespero do cármico corpo não direi meu nome

Deixarei que se cresça por toda visão de flores no caminho...