quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Acontecimento

(Foto:Ben Goossens)

Se no silêncio dos erros,eu nunca distanciei o preço dos perdões

Quando me garantiu que a beleza é um ciclo,e no teu ninho não teve senões

Quando na terra escrevi teu nome,e tua casa de amores fiz quarto

Teu cheiro é marcado em cada história contrapeso,meridiano que me faço

Teu desejo oculto outro espelho,mensagens de rastros que me perpasso

Os refrões moça amiga que ora me calo,também sãos seus,giro no espaço

E que me define e ressuscita,na flora musical que me apago

Ora venha em meus sonhos como vulto,como diário,motivos e obstáculos

Que te faço viva,perdida,no linguagar de nossos embalos




domingo, 15 de junho de 2008

Quintais sem flores


Não sei somar meu coração primitivo,buscar colo no teu descoberto mais presente

Sou próprio arredio,casa de tua cria que cultivo bem

Renuncio meu invisível e o chateado ciúme consistente

E por que me faço existência?Se a existência tema público nunca recompensará saídas

Me perco em fases,nas vogais contraídas,esprimido de interrogações nas canções vagabundas

Sou fraco,fora de mim atravessarei a democracia das estrelas,à vivência de outras duplas montanhas

De imprevisto me lavo por chuvas inquietas,tombo a ressonância no deserto de ouvidos

Conto-lhes qualquer coisa da minha infância,se não existir;fabrico

Ja mencionei jornadas metálicas,sobre as marchas namorantes do mundo

E nunca fui pago por fazer barulho,o gosto insano da noite compra negócios e lesão

Tem tantos quintais que nunca costuraram flores,nem amansa o trabalho miúdo das formigas

Outras cidades,outros cheiros,outros becos,outras bebidas,sentimento é tudo;mesmo que expulso do paraíso

E crescemos por árvores,crescemos por canto de passarinhos

E nossos carros estragam semanalmente o azul órfão que você jamais viu

terça-feira, 10 de junho de 2008

Linhas por jangadas


Minhas manhãs já não são todas manhãs

Acolhi de teu molhado sonho apenas: sal e pecados!

Não tive meu silêncio coincidentemente lúcido quando pude

Nem decifrei da garganta ríspida qualquer coisa popular

Incomoda-me o alem-túmulo com sua carícia fria clandestina a debater

De comícios longos sem diálogos

Do pôr-do-sol sem a apresentação do mar

Da roupagem do ano novo não encarando esperanças

Queria escrever linhas por jangadas

um ser confuso beijado por águas distantes

Espichar meu mundo aconselhante

no maravilhoso chamego das sombras

Vai minha existência seca,cavar fórmulas de tentações

me faça furtivo,por vogais e vinhos

Deixe os pés de bronze lamber mares

E os martírios dos verbos enganarem surpresos o vento




terça-feira, 6 de maio de 2008

Vendedor de sonhos


Fosse apenas teoria recém-aberta ou ambição

Fosse eu apenas um oculto recorte no livro já esquecido

Já sou outro senão linguagens tranversais,
improvisando meu faz-de-conta de rabiscos...Soprando e deitando na chuva

Eu nada tímido de meus versos debrucei assim;ardendo seduções no começo de fevereiro

E sem hábitos no plural de saídas,escrevi os dedos nas pedras,nas areias,na contramão das asas...

e me fiz homem realizado no precipício de tantas perguntas...

Meus regulamentos longínquos se findam no elástico da alma,

e se dão por perda em cidadelas adultas e de negócios

É tão cantante meu amor,tão cantante.Máquina reservada que duplo faz o homem

E em qualquer jardim vou acolhendo moradas e não conto a arquitetura dos sonhos

Tenho um diário distinto que proseia vôos de trovas perdidas;

ternamente afagado pela fartura do sol

Já outra cor é minha dor correspondida,tocado em regras do amanhã

Porque me vou saindo de outras raízes,outras leis,um cais sem beleza que desafoga

Quero contar apenas bem-me-queres,sobrar reuniões de beijos

Ficar a esmo sem ler jornais e me desenrolar em oceanos de amigos

Quero assistir a carne do mundo de minha nuvem

E não se verá mais memórias, nem partidas

Não se fará mais orações sobre cemitérios

Os retratos serão vivos e a casa antiga jamais escurecida

O cheiro aflorado de mato molhado correrá confidente nas narinas

A camisa com cheiro de dormido continuará tuas nostalgias

Tuas invenções não terão limites e tuas pernas sempre viagens

E no desespero do cármico corpo não direi meu nome

Deixarei que se cresça por toda visão de flores no caminho...



quinta-feira, 24 de abril de 2008

Turbilhão de amores


E como me revelei em paixões,sucedendo bênçãos transmudadas na oportunidade de tuas coxas.

Desconfiando sorrisos na tua selvagem terra,romanceando belezas na tua margarida cheirosa

Eu não pude e nem vou mudar teu córregos que cercam e me armam,feitiços alados que exaurem e autografam meus dias comuns.

Meu peito desejoso morre cosmos de tuas vontades,nas moraidoiras tranças que dormem linguagens,nas avenidas de teus perfumes que driblam anistias.

Teu começo é templo que adia sortilégios,e eu menino de alma que briga ilhas,espera a máquina das imaginações para a aventurança.Sou versos,sou plebiscito,um curso de viagens que os pastores esqueceram.Me tomo de tradições no poetar de fontes,uma tocaia do acaso que aguarda mágoas.

Mas te espero desdobrado na travessia da lua,e meus argumentos compreenderão a prata de teus lábios,e sufocarei tua língua no divisar dos sabores.Não haverá mais ceguices numerosas,nem solidões fabulosas,só haverá meu corpo ao teu.O ter dos teus cabelos de noite será cúmplice:do que me desespera,do que me apela,do que me alucina.De teus arquipélagos calmos que na confluência nobre eu soube investir,farei novos mapas.Meus passos não se tornarão mais estranhos;e em momentos de manhãs que passei olhos, tocarei teus montes de carne;encobrindo intermináveis segredos de cantos de mundo.Já não sou tão inútil,já tenho tanto os teus afagos e nos teus braços perpendicularmente exercitarei meus litorais amantes...Como musicais momentâneos que lhe cultivam toda a candura soberba...

terça-feira, 22 de abril de 2008

Futura página


Pois não sabe o futuro dos teus invernos
Dos teus olhos libertinos de vidro, que se perdem nas ressonâncias dos minutos
Do teu sinônimo de sombras em que gritou diálogos
e não se encantou com nada
Nem foi ter com o bosque que te chorou a leve seiva
Não sabe tua última palavra,ou tua última gota de fala que se perdeu para os segredos do amor
Tua fome corrói asfaltos e o fértil horizonte, daquilo que indiferentemente entrou no jogo
Já qualquer coisas de disfarces março avesso vai,já abril de paços tua fábula cantou
Que diante de teus discursos bêbados,a fronte viajante o futuro encontrou
Mas preferiu o passado,retrato no ar que importou as asas maiores
E nisto nunca negou...Inoportuno,brigou medicamentos
O futuro circunavega teus ninhos com veneno letargo
E espera te alimentar bem nas alturas,irreal idiota que não sabe controlar ventos
Tua juventude adormece nas colinas calmas,com conversas de sonetos recolhidos e antipáticos
A mão de porcelana lhe toca o ombro,contou todos os teus ponteiros
E veio lhe levar sem graça,na vidraça aparente que seus pesares se desfez